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segunda-feira, 27 de julho de 2009

Vamos Falar de Ricardo


É óbvio que Ricardo, professor de matemática num pequeno colégio de Caxias, no Rio de Janeiro, não se surpreendeu ao chegar a sua rua e deparar-se com um enorme elefante cor de rosa em seu quintal. O mundo e suas situações estão subjugados ao crivo da lógica e, certamente, alguém o colocou ali por algum motivo – um gracejo de mau gosto, talvez. Ignorou a presença do animal, alcançou o molho de chaves no bolso do agasalho e adentrou sua sala de estar metodicamente organizada, e bastante limpa na maior parte do tempo. Dispôs sua maleta e casaco sobre o sofá e dirigiu-se ao banheiro para um prazeroso banho quente. Tirou suas roupas e abriu o chuveiro que, ao invés de água, choveu suco de caju. Chateou-se, pois, além de não poder assear-se, o suco estava sem açúcar. Claro! – ele pensou – O brilhante sujeito mentor dessa anedota, pôs somente o pó do suco na caixa d´água, nem tendo pensado na questão do adoçamento. Ricardo secou-se com a toalha, ou com o que sobrou dela, pois ao estendê-la reparou que havia um recorte, formando a silueta de um palhaço de circo. “Mal feito!” – Julgou Ricardo, que certamente faria melhor. Caminhou até a cozinha, passou manteiga dos dois lados do pão e, ao pegar a mortadela, a mesma comentou em alto e bom som, pressentindo o doloroso corte: “Vê lá, Ricardo! Não vá me machucar! Você só pensa em você, é?!”. Ele mesmo nem ligou e cortou-a, ignorando seus gritos. “Comida é pra comer, oras!”, disse, depois de um longo arroto de satisfação. Na sala ligou a TV, e agarrou-a assim que ela tentou fugir pela janela. Tirou-a da tomada, pois é lógico que sem energia, ninguém dá conta de sair correndo. Ricardo já estava deitado quando o telefone tocou. Na linha, sua namorada em firme tom, dizia: “Ricardo, não te quero mais. Você não se abre. Não demonstra seus sentimentos, homem!”. Ao desligar, Ricardo chorou. E, em seguida, chorou novamente, mas da segunda vez por pura raiva, afinal não há sentido em sofrer por alguém. Decidido, nunca mais procurou uma namorada, e quando indagado a respeito do amor, Ricardo diz: “Prefiro mortadela.”.


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Há um vídeo meu no Festival do Minuto.
Quem quiser ver e votar, basta ir lá e buscá-lo.
Chama-se "Sobre a Saudade".
[ http://www.festivaldominuto.com.br ]


Acho que isso é um link pro vídeo:
http://www.festivaldominuto.com.br/templates/Player.aspx?contentId=8045

2 comentários:

*Raíssa disse...

Claro, a mortadela pode ser facilmente controlada e cortada com uma faca para, logo em seguida, ser comida de várias maneiras. Brincadeiras à parte, é mesmo mais fácil gostar de mortadela hehehe

Procurei seu vídeo, mas não achei :/

Beijos!

DaniCabrera disse...

Igor, que saudade!
Estive vindo aqui alguns dias atrás e não via atualização. Pensei: Poxa, atualiza! :D
Eu acompanhei alguns dos vídeos teus (o do palhaço, o da São Silvestre...) e adorei. Você é muito talentoso.

Mas voltando ao texto, te confesso: Precisava ler isso. Estive pensando em agir um pouco como o Ricardo e, acho que estava prestes a receber um telefonema do mesmo gênero e com a mesma reclamação, mas por puro medo, e não por falta do que expressar.

Acabas de salvar meu pescoço.

E eu não prefiro mortadela não. rs



Um beijo imenso!
Não some!

 
Olhando Pra Grama