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terça-feira, 30 de setembro de 2008

A Hora de Mudar de Vida Vai Até o Meio Dia


Desculpem-me pessoal! Esse tempo todo sem atualizar foi, realmente, ridículo, mas, sabem como é... O ser humano, principalmente este aqui, é mesmo ridículo, às vezes, hehe!

Estou numa "fase literária" meio que nova, escrevendo com um estilo um pouco diferente, e participando de alguns concursos. Alguns contos legais só virão pra cá, depois dos resultados, então, por isso, por enquanto, eles têm que ficar em sigilo mesmo... Mas pra mostrar que eu quase tenho vergonha na cara, vou postar aqui um mais antigo, só pra atualizar, e manter contato com vocês!

Obrigado pelas visitas que continuaram mesmo depois do descaso! =P

Imagem: Floriana Barbu
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De manhã, quando eu acordava, seguia pelo longo corredor do apartamento dela, escorado pelas paredes cobertas de carpete, respirando a poeira enquanto bocejava e ensaiava abrir os olhos colados de remelas, pra conseguir colocar meia panela de água pra ferver e, então, molhar quatro colheres de pó de café, dentro de um filtro de papel, tudo na medida certa, como a arte contida na precisão de uma equação matemática. Enquanto a natureza se encarregava da alquimia matinal de todo o lar, eu fumava meu cigarro vermelho, deixando o filtro bem amarelado, porque tenho o costume de puxar forte a nicotina. Depois deste breve momento de prazer individual, eu já estava pronto para doar-me ao outro indivíduo que dormia lá no último quarto da casa, onde há uma cama de casal muito macia e um barulhinho de ar-condicionado. O nome dela é Helena e eu sempre estive convencido de que ela merece ter o café na cama e, também, que depois do cigarro e do café já pingando dentro da garrafa térmica, eu vá escovar bem os dentes, lavar bem o rosto e até dar uma ajeitada no cabelo; assim ela fica tomando o café, toda enrolada nos edredons e achando que está agradecida pelo ato, quando, na verdade, ela nem sabe que sou eu quem fica muito mais agradecido de ver aquele rosto angelical, amassado de travesseiro, sentindo de longe o cheiro aprazível, inigualável, do cabelo da mulher quando acorda – da mulher que eu amo.

Hoje de manhã, quando acordei e fui fazer toda a rotina que gosto, tive uma surpresa, pois não havia mais pó de café, meus cigarros acabaram e a pasta de dente, também, já era. Fiquei muito sem chão e sem saber o que fazer, por isso decidi que era hora das coisas mudarem. Rabisquei, com muita delicadeza, um bilhete e colei no espelho do banheiro, com a simples frase: “te espero na cozinha”. Assim que ela leu, foi me procurar, mas ai quem teve a surpresa foi ela: um outro bilhete, dentro do pote de café, que dizia: “não foi só o pó de café que acabou aqui nessa vida”. Confusa, pois sei que ela estava confusa, franziu o cenho e ligou-me no celular, perguntando onde eu estava e o que significavam aqueles bilhetes que eu deixara.

- Será que eu fiz alguma coisa errada? Por que você está fazendo isso? – ela perguntava.

- Maldita a hora em que resolvi fazer filosofia, e que perdi a vergonha de ficar questionando as coisas certas na hora errada; por exemplo: coisa errada? Certo e errado são conceitos relativos, não é mesmo? Faça o seguinte, coloque uma roupinha leve e me encontre no meu apartamento. Já vou lhe avisando que a vida anda, e, talvez, há coisas pedindo por pontos finais em nossa vida...

- Que porra de história é essa, Ian?! Dá pra você parar com isso?!

- Faça o que estou dizendo. Venha pra cá... – desliguei o telefone.

Ela chegou no meu apartamento furiosa, abriu a porta com toda um ódio que é só dela, veio pisando forte até a cozinha, e eu morri de rir quando arregalou os olhos e perguntou surpresa:

- O que é isso, Ian?!?!

Eu estava sentado à mesa, coberta por uma café da manhã fantástico, tipo de filme americano, e que tinha, também, um enorme saco de dez quilos de café, com um bilhetinho dizendo:

Aqui em casa nunca falta café, Helena. Acho que está na hora de você vir morar comigo...”

 
Olhando Pra Grama