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terça-feira, 13 de abril de 2010

O Caso da Fotografia

Quarto andar do edifício Petrópolis, varanda com samambaia. Há dezesseis anos que o homem calvo de camisa de botão branca desabotoada está encostado na grade, olhando pro horizonte, fumando um cigarro. Ele não sai dali para trabalhar, nem para comer, nem para dormir, nem para ter com os amigos. Permanece parado, com o olhar distante, profundamente pensativo, afogado, provavelmente, em alguma questão simples de essência complexa. As pessoas do bairro chamam o caso de “o caso da fotografia”, porque o fulano já está há tanto tempo ali imóvel, no mesmo lugar, que parece mais um retrato vivo impresso na realidade. Essa coisa do sujeito ser foto é tão real, que, como eu já disse, foram-se já dezesseis anos, imagine! E o cigarro na mão dele ainda é o mesmo.
 
Olhando Pra Grama