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terça-feira, 13 de abril de 2010

O Caso da Fotografia

Quarto andar do edifício Petrópolis, varanda com samambaia. Há dezesseis anos que o homem calvo de camisa de botão branca desabotoada está encostado na grade, olhando pro horizonte, fumando um cigarro. Ele não sai dali para trabalhar, nem para comer, nem para dormir, nem para ter com os amigos. Permanece parado, com o olhar distante, profundamente pensativo, afogado, provavelmente, em alguma questão simples de essência complexa. As pessoas do bairro chamam o caso de “o caso da fotografia”, porque o fulano já está há tanto tempo ali imóvel, no mesmo lugar, que parece mais um retrato vivo impresso na realidade. Essa coisa do sujeito ser foto é tão real, que, como eu já disse, foram-se já dezesseis anos, imagine! E o cigarro na mão dele ainda é o mesmo.

8 comentários:

Clau Capelini disse...

Voltou a escrever, que delícia! ;D

Mariana disse...

Que bom vê-lo de volta!

Adorei, como sempre. Você supreende.

Beijos...

Insigne disse...

mas... mas... mas...
não tem ninguém ali..
(história de terror)

Clau Capelini disse...

o outro
http://vozesavulsas.blogspot.com/

Isaque Viana disse...

Essa grafia que chamam foto.
Bacana, senhor, bacana.

Forte abraço.

Jessy disse...

ás vezes paramos nas coisas, é como uma coisa boa que vivemos e queremos permanecer nela, e paramos sem ver que o mundo lá fora continua em movimento, e agente aqui vivendo o mesmo momento todo dia, toda hora, sendo um retrato para aquele acontecimento, e não querendo mais sair de tal momento... é o que penso.

Anônimo disse...

engraçado... ele sumiu justamente na hora dessa foto.

Monstrinha disse...

Legal!
Não sabia que vc tinha blog!
Vou bisbilhotar!
=)

 
Olhando Pra Grama