Noite de terça-feira, rua vazia; as luzes da cidade, algumas delas, entravam suavemente através da janela, iluminando alguma parte do teto de seu mais recôndito templo: O quarto. Frente ao seu velho computador, batia nas teclas sujas de café, em função vegetativa. Escrevia ele:
"Entretanto, apesar do amor ser feito de matéria etérea, puro sentimento, pode-se, sem tanto esforço, colocar a coisa na planilha e se fazer algum cálculo. Como ando treinando meu otimismo, a coisa dar-se-á em saldo:
A virginiana:
- Boas lembranças de risadas sem motivos.
- Tigres de 21 podem se dar bem.
- Otimização do meu estranho gosto por roupas.
- Um CD dos Strokes autografado.
- Autoconhecimento, pós crise.
A geminiana:
- Uh! Aprendi que a vida pode ser mais leve. Ou quase aprendi.
- Sexo e palavras que não mais esqueço.
- A inteligência deixa as pessoas mais bonitas.
- Não devo solicitar alguém, sem estar certo de que quero isso.
A taurina:
- Tigres de 21, realmente, podem se dar bem.
- A inteligência, realmente, deixa as pessoas mais bonitas.
- Que beleza é ter terra no mapa.
- A faculdade de história é algo a se pensar.
- Não sou poligâmico.
A escorpiana.
- Tigres de 21, realmente, podem se dar bem! Hahaha! Ela não tem 21.
- Um monte de livros pra ler. Alguns para enfeitar a estante.
- Conhecimento antropológico empírico sobre a maldade humana.
- Molho branco pode ser bom. Depende do tempero.
- “Paranoid Park” and “The Kite Runner”! Belos filmes.
- Material para literatura.
- Vontade de rir da má intenção dos outros.
Analisando os cálculos, fazendo o balanço,pegando o resultado... Procuro uma capricorniana. Se tiver seios grandes, ganha cinco pontos na frente.”
A noite enoitecia-se cada vez mais, ele comeu alguns pedaços de pizza, bebeu uma cerveja que estava escondida no fundo da geladeira e sonhou que estava lanchando com uma cabra num restaurante estranho em Perdizes.